“Eu trago comigo aproximação entre as diferentes culturas”, “Rossio amostra, está o trabalho escuro precário do preto”, “Portugal e poesia, mares e história, vista de longe vejo de perto”, “Será que Portugal é mesmo fixe?”, “Por isso Afro, me mantenho enraizado, folclórico”, “E cenas boas comigo para frente caminham”, “Será que Portugal é banal?”, “Deve ser a massa a apoiar a entrega de prémios ao Ângelo Torres”, “Portugal é no respeito para quem produz Portugal”, “É vida real que não esquecerá desta terra quando me for para aquela que me espera”, “Pois o amor entre as pessoas suscita viragem”, “Quem diria! PM nos Coliseus com o Prof. Maestro Vitorino D´Almeida”. by: Rapper PM aka Poderoso Mensageiro (2008).
São apenas alguns dos versos que fazem parte da letra da música “Portugal (O sonho)”, aqui expostos de forma aleatória. Só a escutando é que se consegue perceber o que os versos acima querem realmente dizer. O sonho de quem sonha emigrar e a realidade de quem vive e viveu a imigração, são juízo do tema.
Numa visão geral, a música atraca numa série de situações sociais em que os emigrantes vivem em terras de “Camões”, Portugal, principalmente os africanos. A música exprime a vontade do autor, de elucidar quem vive em Portugal ou Angola, o que é ser emigrante na Europa. Frisando, que começar do zero é difícil em todo lado e que a Europa não é o el dorado como muitos pensavam que fosse.
Todavia, transmite que ser emigrante não é apenas ser a mão-de-obra barata ou até o terciário valor social, é também, ser aquele que traz outros valores culturais, capital intelectual e que activamente se envolve e participa nas transformações sociais para o bem comum. Reflectindo a importância da reciprocidade na aprendizagem.
Neste contexto, Portugal (como país de acolhimento), ganha integrando valores culturais de outras origens e, por sua vez, os imigrantes beneficiam do mesmo. Apontando que abraçar as diferenças é fundamental para que melhorem as nossas afinidades no contexto histórico, linguístico e sobretudo humano.
O rapper PM, apesar de actualmente se mostrar ausente de qualquer tipo de discurso de intervenção político-social, neste tema exerce esta ginástica, resultante no brilhante encontro entre a sátira do humor angolano (estiga), a típica guitarra portuguesa (o tema contem o sampler da música “Verdes Anos” de Carlos Paredes) e a forma contagiante da sua poesia empregada nos versos, embelezando a música, dando-lhe um casamento perfeito e bem merecido.
Texto Por: PM Lirícal
Contacto: pmlirical@hotmail.com
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